Ao longo de toda a era moderna, a paixão pelo automobilismo motivou inúmeras civilizações a fundar suas respectivas montadoras, no intuito de captar as emoções e necessidades específicas de cada nação. Alguns exemplos de fabricantes que reproduzem fielmente a identidade de seus países são a italiana Fiat, a francesa Peugeot e a alemã Volkswagen. Ao pensar no Brasil, não podemos deixar de fora a história da Gurgel.
Essa montadora infelizmente foi descontinuada e não está mais presente no mercado atual. Sua trajetória é repleta de altos e baixos, sendo uma evidência clara da resiliência de seu engenheiro e fundador, João Gurgel, um homem digno da admiração de inúmeros entusiastas e empreendedores brasileiros.
Quer saber mais sobre essa fabricante legitimamente verde e amarela e conhecer os principais detalhes sobre o início, meio e fim dessa montadora 100% nacional? Então, acompanhe este post!
O fundador
João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, engenheiro mecânico graduado pela Escola Politécnica de São Paulo, nasceu em Franca, no interior paulista, em 26 de março de 1926. Era uma personalidade inventiva e flexível em suas soluções, mas sólido quanto aos seus valores patriotas.
Por essa razão, ele acreditava que o Brasil precisava de seu próprio carro. Infelizmente, o visionário Gurgel faleceu em 30 de janeiro de 2009, na capital paulista.
O início
A Gurgel Veículos foi fundada no primeiro dia de setembro de 1969, inicialmente produzindo minicarros direcionados às crianças e karts. Os principais detalhes que reforçavam o patriotismo e teimosia da Gurgel — tanto da empresa quanto de seu fundador — eram o capital 100% nacional e a postura de João Gurgel frente às imposições burocráticas da época.
Os modelos
Os nomes dos veículos eram outro detalhe caracteristicamente Gurgel. Todos eles foram “batizados” com alusões brasileiras ou honrosamente indígenas. Confira a cronologia dos principais modelos da fabricante:
- em 1969, lançou o Ipanema, um bugue de estilo moderno e conjunto mecânico Volkswagen;
- em 1973, lançou o Xavante, um jipe emblematicamente fora de estrada, ressaltado tanto pelo desenho quanto pelo jogo de pneus off-road;
- em 1974, atualizou o lançamento de 1973 com o Xavante X-10, posteriormente utilizado pelo Exército e empresas estatais;
- também em 74, lançou o Xavante X-12, o modelo mais conhecido da marca;
- em 1981, lançou o XEF, um carismático sedã compacto de duas portas e três lugares em um assento monobloco;
- em 1988, lançou o BR-800, o hactchback que foi o primeiro automóvel integralmente projetado e desenvolvido no Brasil, dos conceitos aos parafusos.
A vanguarda
A filosofia visionária do fundador foi atestada precisamente ao final de 1974, quando a montadora lançou o primeiro veículo integralmente elétrico da América Latina, o Gurgel Itaipu, um pequenino monovolume que previa o futuro da mobilidade automotiva.
O modelo foi atualizado em 1980, com o lançamento do Itaipu E400, que mantinha as características aerodinâmicas, dimensionais e elétricas. Em 1983, a montadora deu um fôlego na linha introduzindo a variante de cabine dupla do Itaipu, o E400 CD.
O fim
Infelizmente, o início da década de 1990 preconizou o fim de uma era. João Gurgel começou a enfrentar as dificuldades de uma saúde frágil, incapacitando-o de manter um posicionamento tão assíduo quanto o de outrora.
Além disso, a Gurgel sofria com os incentivos fiscais concedidos aos fabricantes internacionais, travando uma guerra desleal com o Fusca Itamar e o Uno Mille. Em 1993, a montadora solicitou a concordata de suas dívidas, resultando na declaração de falência em 1994.
O retorno
O registro do nome e fantasia jurídica da Gurgel expirou em 2004, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Dessa maneira, marca e logotipo foram comprados por um empresário paulista, por módicos R$ 850. A informação remete ao escritor da biografia homônima de Gurgel, Lélis Caldeira.
Apesar de todos os imbróglios que culminaram em seu triste encerramento, a montadora ainda mantém um lugar especial no coração e memória de inúmeros fãs, assim como um espaço nas garagens de poucos e zelosos colecionadores, que conservam esses carros antigos como os resquícios da história da Gurgel, uma montadora orgulhosamente brasileira.
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